Não é de hoje que o mercado da arquitetura e construção entende a necessidade de pensar em maneiras de tornar um empreendimento mais sustentável. Desde 1993, com a criação da Certificação LEED — sistema internacional usado em mais de 160 países que orienta e classifica edifícios com base em critérios de preservação ambiental — conceitos como pegada de carbono e menor produção de resíduos em uma obra passaram a se tornar ainda mais rotineiros para os profissionais que iniciam uma nova construção. No Brasil, a LEED é emitida pelo Green Building Council Brasil (GBC Brasil), que acaba de lançar uma proposta interessante: e se existisse um sistema semelhante para certificar reformas residenciais, incluindo as de pequeno e médio porte? A resposta para a pergunta se concretizou na Certificação LIFE, que está sendo lançada no Brasil em fevereiro de 2021. “A ideia é que essa certificação seja uma consequência. Ninguém vai fazer [uma reforma sustentável] só para ter certificado, as pessoas vão fazer isso para diminuir gastos e ter mais qualidade de vida”, explica Raul Penteado, Presidente do Conselho de Administração do Green Building Council Brasil.

Funciona assim: quando um arquiteto ou designer de interiores iniciar um novo projeto de reforma residencial, a ideia é que o profissional proponha soluções que visem, ao mesmo tempo, mais conforto e bem-estar ao cliente e que geram um menor impacto ambiental. Penteado ressalta que, para isso, não é preciso fazer nenhum grande quebra-quebra. Soluções mais simples, como optar por um modelo de eletrodoméstico que consome menos energia, já contam. Boas ideias de layout, como ampliar uma janela para trazer mais iluminação natural e reduzir o consumo de energia elétrica, também valem. A partir destas escolhas, o projeto de reforma vai acumulando pontos (de acordo com a escala estabelecida pelo GBC Brasil) e o arquiteto ou designer pode submetê-lo para obter a Certificação LIFE. Para conceder o “selo de qualidade”, o GBC analisará seis pilares principais: saúde e bem-estar; conforto; qualidade interna do ar; materiais escolhidos; responsabilidade social; e uso eficiente de recursos naturais.

Após enviar a documentação necessária — que inclui desenhos, plantas da obra, fotografias e eventualmente notas fiscais — o profissional receberá o anúncio da conclusão da Certificação com a pontuação obtida, juntamente com o certificado em PDF. Tudo isso é feito online. A taxa a ser paga para obtenção do certificado depende da metragem: para apartamentos de até 100 m² e casas de até 300 m², o valor cobrado é de R$ 1.000. A taxa máxima é de R$ 3.000. Penteado frisa que o valor é considerado simbólico, já que o GBC não possui quaisquer fins lucrativos. Com o certificado, o arquiteto ou designer terá seu trabalho valorizado pelo cliente, que, por sua vez, terá benefícios em sua qualidade de vida e redução de gastos com energia, por exemplo — além de valorização do imóvel em caso de venda ou aluguel.

Escrito por Tamyr Mota